Endereço
Praça Bernardo Firmino, Largo da Matriz

Entrada franca
Igreja de São Gonçalo do Bação

Igreja de São Gonçalo do Bação

HISTÓRICO DA IGREJA DE SÃO GONÇALO DE AMARANTE
SÃO GONÇALO DO BAÇÃO DISTRITO DE ITABIRITO – MINAS GERAIS

Elaborado por Mauro Antônio de Souza (Diretor Teatral e escritor)

A Matriz de São Gonçalo de Amarante, situada na localidade de São Gonçalo do Bação, no município de Itabirito-MG, é o cartão postal do distrito. A Igreja está assentada dentro de adro calçado e murado de pedra, no centro da localidade. É composta por três volumes retangulares com torre única central, capela-mor ladeada por corredores largos e acessos de arcos plenos onde estão a Capela do Santíssimo e a sacristia.

A Igreja é composta em três tipologias intercaladas que evidenciam as três etapas construtivas: 1740 (a primeira capela, onde hoje é a sacristia); 1870 (quando aconteceu uma ampliação da capela inicial); 1924 (conclusiva em estilo neorromântico, composta por torre central).

Nesta torre ainda há vestígios de um relógio de madeira, obra do Sr. José Victor Gomes, que foi oleiro, construtor, artista e inventor e, que também construiu a escada de acesso ao segundo piso, além das pias  laterais.

Essas intervenções também adicionaram estilos arquitetônicos diversos: o neogótico, em 1870, e neorromântico, em 1924, dando importante testemunho da evolução da arquitetura no país. O retábulo do altar-mor, expressiva talha barroca da capela inicial, foi levado para a sacristia da igreja.

Na pedra da escada da porta principal estão entalhadas as datas das três etapas de construção: 1740, 1870 e a data da terceira construção, 1921 a 1924. (IFT, 2017)

A primeira capela (l740) foi construída por Antônio Alves Bação, português que garimpava o ouro de aluvião nos rios dos arredores. O nome Bação originou-se do sobrenome deste português. Alguns dizem que é Vação, Vaçon, outros dizem Basson. Não se sabe ao certo. Conta-se que este português, garimpando nos arredores do lugarejo que hoje denominamos de Córrego do Bação, ficou doente e fez uma promessa ao santo português São Gonçalo de Amarante: melhorando de sua enfermidade, ergueria uma capela para o santo. Quando recuperou a saúde, conta-se a tradição oral que mandou buscar em Portugal uma imagem de São Gonçalo, colocou-a em um burrinho e construiu a capela onde o animal parou.

Essa narrativa não remonta a nenhum documento escrito, demonstrando a relação afetiva dos moradores com o distrito e a importância da igreja para a cultura local. A força dessa memória local é tema de pesquisa, tendo sido transformada em peça teatral, “A Saga Baçônica”, apresentada pela primeira vez em 1998 pelo Grupo de Teatro São Gonçalo do Bação e em 2014 impressa em livro.

No entorno da igreja encontram-se becos com muros de pedras e diversos imóveis remanescentes dos séculos XVIII e XIX, compondo um conjunto arquitetônico de atração turística em que a Matriz de São Gonçalo é o elemento central.

Atualmente, a partir de abril de 2021, através do esforço e da contribuição monetária da comunidade e amigos de São Gonçalo do Bação, a igreja de São Gonçalo passou por uma intervenção de limpeza das calhas, incluindo as da torre, remoção de pequenos arbustos da torre, pintura externa com novas cores, reforço nas janelas que estavam danificadas. Necessita, ainda, da restauração dos elementos artísticos, arquitetônicos e estrutural da igreja.

Do Memorando Paroquial da Freguesia de São Gonçalo do Bação, extraímos algumas citações:

  • Nos tempos coloniais, quando os portugueses extraíam ouro nas praias desta localidade, construíram, de pedra, uma Capela, tendo por Orago São Gonçalo de Amarante e a terminaram em 1740, e ficou a pequena população daqueles tempos com a denominação de São Gonçalo do Bação.
  • Esta Capela foi filial da Freguesia de Itabira do Campo até 10 de janeiro de 1883, época que foi criada canonicamente esta freguesia, sendo Bispo de Mariana o Exmo. Rev. Sr. D. Antônio Maria Corrêa de Sá e Benevides, sendo seu Vigário Geral Monsenhor Silvério Gomes Pimenta.
  • Fazemos saber que tendo sido elevado à Categoria de Freguesia o Distrito de São Gonçalo do Bação, do termo de Ouro Preto, por lei Provincial de 23 de outubro de 1882, sob o nº 2898, desmembrado da Freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem de Itabira do Campo deste Bispado.
  • Aos 28 de janeiro de 1883, tomou posse da nova freguesia o Padre Antônio Cândido Torres de Santana. (IFT, 2017)

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Descrição arquitetônica

A igreja apresenta partido arquitetônico atípico, sendo edificada em várias etapas nos séculos XVIII, XIX e XX.

Com a frente voltada para noroeste, está localizada na área central da malha urbana, no centro de adro delimitado por mureta baixa, com acesso por portão frontal e dois laterais. Possui torre central arrematada por cobertura prismática argamassada e as coberturas específicas do corpo da nave, da capela-mor e da sacristia em duas águas, com telhas cerâmicas curvas. O acesso principal se faz por vestíbulo ou átrio, ladeado pelo batistério e pela escada de acesso ao coro, que é por onde se chega ao piso da torre única. A nave abriga dois altares colaterais, possivelmente de uma etapa anterior, em estilo rococó, o que destoa da arquitetura do corpo da nave em estilo neorromânico. Ao lado de cada uma das portas laterais da nave e capela mor, há pias de água benta, semiembutidas na alvenaria. Entre a nave e a capela-mor, há um espaço que abriga os bancos da capela-mor propriamente dita. Esta está inserida dentro da construção original, remanescente da primeira capela construída. Após a primeira reforma que criou o espaço dos bancos acima mencionado, foi acrescida na lateral direita uma área que abriga a capela do Santíssimo. Na lateral esquerda, criou-se um corredor que dá acesso à sacristia, inserida dentro do corpo da primeira capela. Os forros da capela-mor (com pintura decorativa) e nave são em abóboda facetada; piso da nave em tabuado estreito e os demais pisos revestidos de ladrilhos hidráulicos de diversos padrões. Todas as paredes recebem pinturas estampilhadas.

O altar-mor apresenta-se em estilo neogótico com acabamento em verniz. O nicho do altar-mor tem o arremate do vão em arco ogival. Entre o supedâneo e os corredores que o ladeiam, os grandes vãos são em arco pleno, com balaustradas em ferro fundido. A sacristia conserva inscrição na parede informando a primeira reforma e um altar – possivelmente, dos mais antigos do acervo primário da igreja. As portas são em madeira. As esquadrias do corpo primitivo tem vergas retas. As janelas dos acréscimos são com vergas em arco pleno, vedadas com esquadrias de ferro e vidros coloridos compondo vitrais simples. Tem área projetada aproximada de 477m².

Narrativa

“O Padre Antônio Cândido era um pároco muito bom. Incentivava a banda e a musicalidade em São Gonçalo do Bação.”

Depoimento da Sra. Divina, 94 anos, moradora de São Gonçalo do Bação.  Ela também comentou que no fundo da igreja já houve cemitério. Foi necessária, anos atrás, uma limpeza dentro da igreja (na parte mais antiga), pois o piso estava estufando, devido a madeira e ossos que estavam por baixo.

Avaliação do estado de conservação/data/sugestões

A edificação necessita de uma intervenção criteriosa. Apresenta problemas estruturais, os elementos de arte aplicada necessitam de urgente intervenção e as estruturas em madeira, tais como pisos e forros deteriorados por ação de insetos xilófagos e outros.

Indicação de registro em outros órgãos patrimoniais e ambientais

Consta na lista de Bens Inventariados da Prefeitura de Itabirito (Código EAU.07.14)

Observações

-Esse conjunto de inventários foi elaborado exclusivamente com o objetivo de registrar os bens culturais indicados pela comunidade de São Gonçalo do Bação para atender ao programa de sinalização, registro digital e valorização dos Circuitos Becos, Chafarizes e Atrativos Históricos; - O conteúdo dos inventários, caso usado em relatórios, outros tipos de inventários e ou publicações deverá ser devidamente citado, seguindo as regras da ABNT; - A autoria das fotos e a origem do acervo iconográfico (seja acervo pessoal ou familiar) deve ser citada.

Bibliografia
INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS CAMPUS OURO PRETO - CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM CONSERVAÇÃO E RESTAURO; DANIELLY NARDUCCI GUALANDE, JULIANO RIBEIRO DE ÁVILA TORRE, SABRINA DELAMORE DE SOUZA, MARIA GORETTE SANTOS PASSOS COUTO. IGREJA MATRIZ DE SÃO GONÇALO DO BAÇÃO - DISTRITO DE ITABIRITO – MINAS GERAIS. Ouro Preto 2017.
Responsáveis pelo preenchimento

Alenice Baeta, Cristina Cairo, Hudson Faria e Pedro Loredo

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